ATACAMA: VIVER A NATUREZA E AS CORES NO MEIO DO DESERTO. SENTIR QUE TUDO MUDA O TEMPO TODO...

Um lugar inóspito, que exige preparo físico, não é um lugar-comum. Mas me senti muito acolhida. O povo tem traços indígenas, e a presença do artesanato, da cultura e do modo de vida deles tem muita influência dos incas. A energia do povo é contagiante e deixa o lugar ainda mais sensacional.

Os hotéis possuem serviços superexclusivos, porém mantêm o estilo rústico e as demais características de um vilarejo onde estão inseridos, onde tudo é tranquilo, calmo, muito simples. As casas se harmonizam totalmente com a natureza ao redor; são construídas com barro, e os telhados são de palha..

Ficar no Awasi Atacama foi uma experiência transformadora. O hotel se integra de forma quase invisível à paisagem, como se tivesse nascido junto ao deserto. Seus materiais primitivos (adobe, pedra, madeira) falam a mesma linguagem do entorno, reforçando a ideia de que a verdadeira sofisticação está em respeitar a natureza e criar espaços que dialogam com o que os cerca. Acredito que a arquitetura precisa nascer do lugar onde está.

O luxo ali é simples, e, justamente por isso, é tão marcante. Nada é em excesso, nada é para ostentar. Cada detalhe é pensado para oferecer conforto sem romper com a essência local. Essa combinação me inspira profundamente, porque acredito que a arquitetura de alto padrão não deve ser sobre exagero, mas sobre criar ambientes que despertam sensações e fazem sentido para quem vive neles.

O silêncio do deserto é outro protagonista. Ele não é vazio, mas cheio de significados: o som do vento, o ritmo da areia, a intensidade das estrelas à noite. Estar ali foi uma lição de como o essencial pode ser muito mais impactante do que o supérfluo.

É curioso pensar que um deserto tão árido já foi todo coberto por água. Acho que todo mundo que visita o local para e pensa em como as coisas mudam. Tudo aqui se transforma. As paisagens são esculturas naturais que o tempo se encarrega de atualizar.

Os lagos, vulcões e rochas parecem esculpidos à mão.

Os lugares são mágicos. São surpreendentes as formações geológicas de rocha e areia, corroídas pela água e pelo vento.

O passeio a cavalo foi o que mais amei!

Sem falar nas formações de sal, gesso e argila, também erodidas pelo vento e pela água, onde o silêncio predomina e você só escuta o crepitar dos sais.

E os gêiseres, que nas madrugadas oferecem um espetáculo natural?

Os mais bonito é pensar que, numa volta ao local, as esculturas podem estar diferentes, mas a tradição e a personalidade forte dos atacamenhos provavelmente estarão preservadas.
Gosto de pensar que tudo pode ser alterado, pode sofrer com o tempo, mas, se tem algum valor, continuará sempre sendo algo interessante.